Qual a relação entre independência dos indivíduos e a divisão do trabalho social?
Realizar uma relação entre independência dos indivíduos e a divisão do trabalho social culmina na necessidade de avaliar os conceitos de Durkheim sobre os dois tipos de solidariedade. Considerando o âmbito da solidariedade mecânica, onde os indivíduos compartilham de uma mesma forma de agir e pensar determinada pela sociedade, sendo destituída qualquer personalidade própria para o indivíduo, fica comprometida a relação, haja vista que a divisão do trabalho implicaria em formas diferenciadas de agir e pensar, dado um grande rol de especificidades, o qual não poderia ser acompanhado por todos indivíduos, implicando na falta da coesão social e desestabilizando a sociedade, porém tal resultado é proveniente de uma análise estruturada pela relação e união graças à semelhança. Em outro contexto, onde passamos a averiguar a solidariedade orgânica, quando ocorre uma expansão do individualismo, a relação entre os indivíduos é pautada pela interdependência, oriunda da divisão do trabalho. Considerando as explanações de Durkheim para a sociedade onde existe a solidariedade orgânica, a individualidade do todo tem relação direta com das partes, inclusive sendo crucial para que haja maior funcionalidade no trabalho social, político, administrativo e também econômico. Nesse contexto Durkheim (1984, p. 91) propõem: "não é mais a consanguinidade, real ou fictícia, que marca o lugar de cada indivíduo, mas a função que ele desempenha", ou seja, a divisão do trabalho e suas inúmeras atividades especiais tornam cada indivíduo diferenciado, no entanto, o grande rol de atividades fazem parte de um único corpo: a sociedade. Tais atividades precisam funcionar como modelos integrados, onde não existe a possibilidade de isolamento, o que faz ser verificada uma interdependência entre os indivíduos, por meio da qual as suas diferenças individuais os fazem estar unidos culminando na coesão social, sendo esta mais fortalecida que as presentes nas relações de união pela semelhança.
O que é solidariedade e qual o seu papel social?
Segundo Durkheim, duas formas de solidariedade social podem ser constatadas: a solidariedade mecânica, típica das sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos se identificam através da família, da religião, da tradição, dos costumes. É uma sociedade que tem coerência porque os indivíduos ainda não se diferenciam. Reconhecem os mesmos valores, os mesmos sentimentos, os mesmos objetos sagrados, porque pertencem a uma coletividade. E a solidariedade orgânica, característica das sociedades capitalistas, onde, através da divisão do trabalho social, os indivíduos tornam-se interdependentes, garantindo, assim, a união social, mas não pelos costumes, tradições, etc. Os indivíduos não se assemelham, são diferentes e necessários, como os órgãos de um ser vivo. Assim, o efeito mais importante da divisão do trabalho não é o aumento da produtividade, mas a solidariedade que gera entre os homens.
O que é solidariedade mecânica?
A compreensão da denominação mecânica para esse tipo de solidariedade é um tanto quanto crucial para disjungir do outro modelo. Durkheim (1984, p. 83) aponta para essa denominação “por analogia com a coesão que une os elementos dos corpos brutos, em oposição àquela que faz a unidade dos corpos vivos”, ficando evidente o movimento único da sociedade, onde a consciência individual é mero produto do tipo coletivo. Tal solidariedade, segundo Durkheim, advinda da fase primitiva da organização social, é observada nas sociedades em que as mesmas noções e valores sociais (como os que se referem às crenças religiosas, comportamento em grupo, semelhanças psíquicas e até mesmo físicas) são compartilhados por todos os indivíduos.
Enfatiza-se que na solidariedade mecânica a sociedade é um tipo coletivo, ou seja, os indivíduos não possuem uma personalidade própria, principalmente em uma fase máxima de caracterização deste aspecto unilateral de agir e pensar, pois todo seu modo de ser é coletivo, designado pela sociedade, ou seja, a consciência coletiva é tão intensa que cria um padrão único aos indivíduos. Este tipo de solidariedade prevalece nas sociedades "arcaicas" ou "primitivas", sendo exemplificadas por Durkheim no texto-base desse trabalho como sociedades tribais. Segundo Durkheim, a correspondência de valores entre os indivíduos destas sociedades que assegura a coesão social.
Onde encontramos a solidariedade mecânica?
A solidariedade mecânica é a mais primitiva, encontra-se em sociedades arcaicas, como tribos indígenas, em que todos os membros possuem semelhanças sociais e mentais, por vezes até físicas. Apesar de serem consideradas menos desenvolvidas do que as sociedades orgânicas, a mecânica mesmo sem a divisão social do trabalho consegue assegurar a coesão social. Isso se deve às semelhanças entre todos os indivíduos.
Explique se a solidariedade diminui ou cresce conforme aumenta o excedente produtivo de uma dada sociedade.
As diferenças sociais geradas pela divisão social do trabalho unem os indivíduos pela necessidade de troca de serviços. A magnitude da solidariedade independe do excedente produtivo. Este último é característica da divisão de trabalho capitalista estudada por Karl Marx e causa uma segmentação da sociedade entre trabalhadores e membros da sociedade que se apropriam dos meios de produção.
O que é solidariedade orgânica?
A solidariedade é um fato social e sua compreensão depende da averiguação e estudo dos seus efeitos na sociedade, via observação e caracterização delineada, por meio das quais é possível estabelecer parâmetros e conceitos. Dadas as considerações de Durkheim para a divisão da solidariedade, é necessário averiguá-las considerando suas posições mediantes uma mesma estrutura analisada, como pode ser observável no âmbito do que é agregado. Na solidariedade mecânica as semelhanças dos indivíduos compõem a união dos mesmos, tornando-os partes integradas de um todo absoluto, no entanto, sem qualquer interação, a não ser aquelas exteriores determinadas pela sociedade. Entretanto, a solidariedade orgânica converge para importância das diferenças dos indivíduos, sendo que estas são provenientes da divisão do trabalho.
Durkheim (1984, p. 84) aponta que: "cada órgão, com efeito, tem sua fisionomia especial, sua autonomia e, por conseguinte, a unidade do organismo é tanto maior quanto a individualização das partes seja mais acentuada. Em razão dessa analogia, propomos chamar orgânica a solidariedade devida à divisão do trabalho". Pelo apontamento destaca-se a influência da divisão do trabalho na determinação desse modelo organicista concebido para a sociedade. Torna-se fundamental, para compreender tal solidariedade, definir a divisão do trabalho e suas peculiaridades nesse processo.
Segundo texto-aula de Pereira, "a origem da divisão do trabalho deve ser encontrada na morfologia da sociedade, na distribuição da população e na qualidade das relações sociais." Por meio de tal abordagem considera-se que o crescimento da divisão do trabalho está vinculado ao aumento no número de indivíduos que compõem a sociedade, tendo como consequência aumento das comunicações e interações entre os mesmos. Correlacionando algo importante, a necessidade da divisão do trabalho pode ser interpretada como uma pressão da sociedade sobre os indivíduos, haja vista que uma população mais densa apresentaria mais necessidades e, consequentemente, soluções para absorvê-las. Porém, deve-se reforçar que para Durkheim a divisão do trabalho não se deu conscientemente pelos indivíduos, haja vista que existiu um estágio de transição, onde a solidariedade mecânica e a inexistente percepção individual foram perdendo força e a solidariedade orgânica impulsionada pela divisão do trabalho foi tornando-se mais influente e determinando as características sociais.
Contudo, a solidariedade orgânica converge para a expansão do individualismo, e uma relação de interdependência provocada pela divisão do trabalho, como determina Durkheim (1984, p. 83): "a individualidade do todo aumenta ao mesmo tempo que as partes; a sociedade se torna mais capaz de se mover em conjunto, ao mesmo tempo que cada um dos seus elementos tem mais movimentos próprios".
Explique a divisão do trabalho social.
A sociedade deveria ser vista como um sistema organizado, ordenado e interdependente de várias instâncias que juntas transformar-se-iam em uma unidade, para Durkheim a sociedade é considerada como um corpo humano que depende do perfeito funcionamento dos seus órgãos (instâncias sociais) para sobreviver. Com o inchaço da sociedade segundo este sociólogo multiplicam-se estes "órgãos" em quantidade fruto da especialização da mão de obra e da diversificação da produção, para Émile Durkheim quando um setor produtivo da sociedade ou um "órgão" não consegue desenvolver seu papel em plenitude com as outras instâncias sociais o denominado "corpo" (sociedade) adoece criando assim um estado de anomia social. Porque, como nada contém as forças em presença e não lhes atribui limites que sejam obrigados a respeitar elas tendem a se desenvolverem sem termos e acabem se entrechocando, para se reprimirem e se reduzirem mutuamente.
Segundo Émile Dürkeheim a anomia social se da através da perda do sentido de dependência das outras áreas, quando o homem foca-se somente em sua especificidade e perde a noção do todo, ignorando os outros atores sociais. Logo, o restabelecimento do bom funcionamento social só seria possível através de "corporações capazes de cumprir com a autoridade moral estabelecendo regras de conduta sobre os indivíduos". Assim a divisão do trabalho assumiria o seu caráter moral ampliando a coesão na sociedade moderna.
A divisão do trabalho social não provoca, segundo o autor, senão em suas formas patológicas, a desintegração da sociedade, mas um novo tipo de solidariedade.
Por que ocorre a preponderância progressiva da solidariedade orgânica?
A preponderância progressiva da solidariedade orgânica trata-se, segundo Durkheim (1984, p. 85), de "uma lei histórica que a solidariedade mecânica, que inicialmente é a única ou quase, perde terreno progressivamente e que a solidariedade orgânica se torna pouco a pouco preponderante". A solidariedade orgânica é mais complexa e Lakatos (1985, p. 47) completa que "à medida que as sociedades se tornam mais complexas, a divisão do trabalho e as consequentes diferenças entre os indivíduos conduzem a uma crescente independência nas consciências. As sanções repressivas, que existem nas sociedades primitivas, dão origem a um sistema legislativo que acentua os valores da igualdade, liberdade, fraternidade e justiça". Com esse trecho podemos sintetizar a preponderância da solidariedade orgânica sobre a solidariedade mecânica. Tal preponderância também nos mostra (a grosso modo, é claro), fazendo uma ponte com o "suicídio" também abordado no texto-base, que o grau de satisfação e a consequente diminuição na taxa de suicídios em uma sociedade devem-se a modernidade da sociedade, que está relacionada com a preponderância (ou poderiamos dizer quase dominância nos dias de hoje) da solidariedade orgânica na sociedade, pois quanto mais a solidariedade orgânica é preponderante, mais moderna é a sociedade.
O que é anomia social?
Durkheim criou o termo anomia social para descrever situações em que as normas sociais sofrem um período de desestabilização. A anomia social é um estado de falta de objetivos e identidade, quando há uma quebra com os valores tradicionais que geralmente estão ligados às concepções religiosas. Para Emile Durkheim, este é um estado passageiro, pois até nas maiores quebras de valores como as revoluções, o ápice do estado de anomia é atingido nos confrontos para logo após os laços de solidariedade social serem refeitos sob diferentes normas. Se esse estado não fosse passageiro, a sociedade se dissolveria gerando um caos ainda maior.
Para concluir, onde há Anomia, há ausência de normas sociais estruturais (religião, poder jurídico, etc), os laços de solidariedade se enfraquecem e ocorre a desestabilização.
Para Durkheim, quando ocorre uma situação de anomia social?
Segundo Quintaneiro (2002, p. 80), “quando, numa sociedade organizada, acontece de os contatos entre os órgãos sociais serem insuficientes ou pouco duradouros, surge uma situação de desequilíbrio: o sentimento de interdependência se amortece, as relações ficam precárias e as regras indefinidas, vagas.” Isto caracteriza um estado de anomia: a desagregação da sociedade.
Para sair deste estado anômico da sociedade Durkheim tem na divisão social do trabalho a principal proposta. A solidariedade gerada pela divisão social do trabalho cria elos sociais e assume um controle moral que leva ao restabelecimento da harmonia social.
Referências Bibliográficas:
Realizar uma relação entre independência dos indivíduos e a divisão do trabalho social culmina na necessidade de avaliar os conceitos de Durkheim sobre os dois tipos de solidariedade. Considerando o âmbito da solidariedade mecânica, onde os indivíduos compartilham de uma mesma forma de agir e pensar determinada pela sociedade, sendo destituída qualquer personalidade própria para o indivíduo, fica comprometida a relação, haja vista que a divisão do trabalho implicaria em formas diferenciadas de agir e pensar, dado um grande rol de especificidades, o qual não poderia ser acompanhado por todos indivíduos, implicando na falta da coesão social e desestabilizando a sociedade, porém tal resultado é proveniente de uma análise estruturada pela relação e união graças à semelhança. Em outro contexto, onde passamos a averiguar a solidariedade orgânica, quando ocorre uma expansão do individualismo, a relação entre os indivíduos é pautada pela interdependência, oriunda da divisão do trabalho. Considerando as explanações de Durkheim para a sociedade onde existe a solidariedade orgânica, a individualidade do todo tem relação direta com das partes, inclusive sendo crucial para que haja maior funcionalidade no trabalho social, político, administrativo e também econômico. Nesse contexto Durkheim (1984, p. 91) propõem: "não é mais a consanguinidade, real ou fictícia, que marca o lugar de cada indivíduo, mas a função que ele desempenha", ou seja, a divisão do trabalho e suas inúmeras atividades especiais tornam cada indivíduo diferenciado, no entanto, o grande rol de atividades fazem parte de um único corpo: a sociedade. Tais atividades precisam funcionar como modelos integrados, onde não existe a possibilidade de isolamento, o que faz ser verificada uma interdependência entre os indivíduos, por meio da qual as suas diferenças individuais os fazem estar unidos culminando na coesão social, sendo esta mais fortalecida que as presentes nas relações de união pela semelhança.
O que é solidariedade e qual o seu papel social?
Segundo Durkheim, duas formas de solidariedade social podem ser constatadas: a solidariedade mecânica, típica das sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos se identificam através da família, da religião, da tradição, dos costumes. É uma sociedade que tem coerência porque os indivíduos ainda não se diferenciam. Reconhecem os mesmos valores, os mesmos sentimentos, os mesmos objetos sagrados, porque pertencem a uma coletividade. E a solidariedade orgânica, característica das sociedades capitalistas, onde, através da divisão do trabalho social, os indivíduos tornam-se interdependentes, garantindo, assim, a união social, mas não pelos costumes, tradições, etc. Os indivíduos não se assemelham, são diferentes e necessários, como os órgãos de um ser vivo. Assim, o efeito mais importante da divisão do trabalho não é o aumento da produtividade, mas a solidariedade que gera entre os homens.
O que é solidariedade mecânica?
A compreensão da denominação mecânica para esse tipo de solidariedade é um tanto quanto crucial para disjungir do outro modelo. Durkheim (1984, p. 83) aponta para essa denominação “por analogia com a coesão que une os elementos dos corpos brutos, em oposição àquela que faz a unidade dos corpos vivos”, ficando evidente o movimento único da sociedade, onde a consciência individual é mero produto do tipo coletivo. Tal solidariedade, segundo Durkheim, advinda da fase primitiva da organização social, é observada nas sociedades em que as mesmas noções e valores sociais (como os que se referem às crenças religiosas, comportamento em grupo, semelhanças psíquicas e até mesmo físicas) são compartilhados por todos os indivíduos.
Enfatiza-se que na solidariedade mecânica a sociedade é um tipo coletivo, ou seja, os indivíduos não possuem uma personalidade própria, principalmente em uma fase máxima de caracterização deste aspecto unilateral de agir e pensar, pois todo seu modo de ser é coletivo, designado pela sociedade, ou seja, a consciência coletiva é tão intensa que cria um padrão único aos indivíduos. Este tipo de solidariedade prevalece nas sociedades "arcaicas" ou "primitivas", sendo exemplificadas por Durkheim no texto-base desse trabalho como sociedades tribais. Segundo Durkheim, a correspondência de valores entre os indivíduos destas sociedades que assegura a coesão social.
Onde encontramos a solidariedade mecânica?
A solidariedade mecânica é a mais primitiva, encontra-se em sociedades arcaicas, como tribos indígenas, em que todos os membros possuem semelhanças sociais e mentais, por vezes até físicas. Apesar de serem consideradas menos desenvolvidas do que as sociedades orgânicas, a mecânica mesmo sem a divisão social do trabalho consegue assegurar a coesão social. Isso se deve às semelhanças entre todos os indivíduos.
Explique se a solidariedade diminui ou cresce conforme aumenta o excedente produtivo de uma dada sociedade.
As diferenças sociais geradas pela divisão social do trabalho unem os indivíduos pela necessidade de troca de serviços. A magnitude da solidariedade independe do excedente produtivo. Este último é característica da divisão de trabalho capitalista estudada por Karl Marx e causa uma segmentação da sociedade entre trabalhadores e membros da sociedade que se apropriam dos meios de produção.
O que é solidariedade orgânica?
A solidariedade é um fato social e sua compreensão depende da averiguação e estudo dos seus efeitos na sociedade, via observação e caracterização delineada, por meio das quais é possível estabelecer parâmetros e conceitos. Dadas as considerações de Durkheim para a divisão da solidariedade, é necessário averiguá-las considerando suas posições mediantes uma mesma estrutura analisada, como pode ser observável no âmbito do que é agregado. Na solidariedade mecânica as semelhanças dos indivíduos compõem a união dos mesmos, tornando-os partes integradas de um todo absoluto, no entanto, sem qualquer interação, a não ser aquelas exteriores determinadas pela sociedade. Entretanto, a solidariedade orgânica converge para importância das diferenças dos indivíduos, sendo que estas são provenientes da divisão do trabalho.
Durkheim (1984, p. 84) aponta que: "cada órgão, com efeito, tem sua fisionomia especial, sua autonomia e, por conseguinte, a unidade do organismo é tanto maior quanto a individualização das partes seja mais acentuada. Em razão dessa analogia, propomos chamar orgânica a solidariedade devida à divisão do trabalho". Pelo apontamento destaca-se a influência da divisão do trabalho na determinação desse modelo organicista concebido para a sociedade. Torna-se fundamental, para compreender tal solidariedade, definir a divisão do trabalho e suas peculiaridades nesse processo.
Segundo texto-aula de Pereira, "a origem da divisão do trabalho deve ser encontrada na morfologia da sociedade, na distribuição da população e na qualidade das relações sociais." Por meio de tal abordagem considera-se que o crescimento da divisão do trabalho está vinculado ao aumento no número de indivíduos que compõem a sociedade, tendo como consequência aumento das comunicações e interações entre os mesmos. Correlacionando algo importante, a necessidade da divisão do trabalho pode ser interpretada como uma pressão da sociedade sobre os indivíduos, haja vista que uma população mais densa apresentaria mais necessidades e, consequentemente, soluções para absorvê-las. Porém, deve-se reforçar que para Durkheim a divisão do trabalho não se deu conscientemente pelos indivíduos, haja vista que existiu um estágio de transição, onde a solidariedade mecânica e a inexistente percepção individual foram perdendo força e a solidariedade orgânica impulsionada pela divisão do trabalho foi tornando-se mais influente e determinando as características sociais.
Contudo, a solidariedade orgânica converge para a expansão do individualismo, e uma relação de interdependência provocada pela divisão do trabalho, como determina Durkheim (1984, p. 83): "a individualidade do todo aumenta ao mesmo tempo que as partes; a sociedade se torna mais capaz de se mover em conjunto, ao mesmo tempo que cada um dos seus elementos tem mais movimentos próprios".
Explique a divisão do trabalho social.
A sociedade deveria ser vista como um sistema organizado, ordenado e interdependente de várias instâncias que juntas transformar-se-iam em uma unidade, para Durkheim a sociedade é considerada como um corpo humano que depende do perfeito funcionamento dos seus órgãos (instâncias sociais) para sobreviver. Com o inchaço da sociedade segundo este sociólogo multiplicam-se estes "órgãos" em quantidade fruto da especialização da mão de obra e da diversificação da produção, para Émile Durkheim quando um setor produtivo da sociedade ou um "órgão" não consegue desenvolver seu papel em plenitude com as outras instâncias sociais o denominado "corpo" (sociedade) adoece criando assim um estado de anomia social. Porque, como nada contém as forças em presença e não lhes atribui limites que sejam obrigados a respeitar elas tendem a se desenvolverem sem termos e acabem se entrechocando, para se reprimirem e se reduzirem mutuamente.
Segundo Émile Dürkeheim a anomia social se da através da perda do sentido de dependência das outras áreas, quando o homem foca-se somente em sua especificidade e perde a noção do todo, ignorando os outros atores sociais. Logo, o restabelecimento do bom funcionamento social só seria possível através de "corporações capazes de cumprir com a autoridade moral estabelecendo regras de conduta sobre os indivíduos". Assim a divisão do trabalho assumiria o seu caráter moral ampliando a coesão na sociedade moderna.
A divisão do trabalho social não provoca, segundo o autor, senão em suas formas patológicas, a desintegração da sociedade, mas um novo tipo de solidariedade.
Por que ocorre a preponderância progressiva da solidariedade orgânica?
A preponderância progressiva da solidariedade orgânica trata-se, segundo Durkheim (1984, p. 85), de "uma lei histórica que a solidariedade mecânica, que inicialmente é a única ou quase, perde terreno progressivamente e que a solidariedade orgânica se torna pouco a pouco preponderante". A solidariedade orgânica é mais complexa e Lakatos (1985, p. 47) completa que "à medida que as sociedades se tornam mais complexas, a divisão do trabalho e as consequentes diferenças entre os indivíduos conduzem a uma crescente independência nas consciências. As sanções repressivas, que existem nas sociedades primitivas, dão origem a um sistema legislativo que acentua os valores da igualdade, liberdade, fraternidade e justiça". Com esse trecho podemos sintetizar a preponderância da solidariedade orgânica sobre a solidariedade mecânica. Tal preponderância também nos mostra (a grosso modo, é claro), fazendo uma ponte com o "suicídio" também abordado no texto-base, que o grau de satisfação e a consequente diminuição na taxa de suicídios em uma sociedade devem-se a modernidade da sociedade, que está relacionada com a preponderância (ou poderiamos dizer quase dominância nos dias de hoje) da solidariedade orgânica na sociedade, pois quanto mais a solidariedade orgânica é preponderante, mais moderna é a sociedade.
O que é anomia social?
Durkheim criou o termo anomia social para descrever situações em que as normas sociais sofrem um período de desestabilização. A anomia social é um estado de falta de objetivos e identidade, quando há uma quebra com os valores tradicionais que geralmente estão ligados às concepções religiosas. Para Emile Durkheim, este é um estado passageiro, pois até nas maiores quebras de valores como as revoluções, o ápice do estado de anomia é atingido nos confrontos para logo após os laços de solidariedade social serem refeitos sob diferentes normas. Se esse estado não fosse passageiro, a sociedade se dissolveria gerando um caos ainda maior.
Para concluir, onde há Anomia, há ausência de normas sociais estruturais (religião, poder jurídico, etc), os laços de solidariedade se enfraquecem e ocorre a desestabilização.
Para Durkheim, quando ocorre uma situação de anomia social?
Segundo Quintaneiro (2002, p. 80), “quando, numa sociedade organizada, acontece de os contatos entre os órgãos sociais serem insuficientes ou pouco duradouros, surge uma situação de desequilíbrio: o sentimento de interdependência se amortece, as relações ficam precárias e as regras indefinidas, vagas.” Isto caracteriza um estado de anomia: a desagregação da sociedade.
Para sair deste estado anômico da sociedade Durkheim tem na divisão social do trabalho a principal proposta. A solidariedade gerada pela divisão social do trabalho cria elos sociais e assume um controle moral que leva ao restabelecimento da harmonia social.
Referências Bibliográficas:
- DURKHEIM, Émile. Émile Durkheim: sociologia. São Paulo: Editora Ática, 1984. Coleção Grandes Cientistas Sociais. (Capítulos: Método para determinar a função da divisão do trabalho; Solidariedade Mecânica; Solidariedade Orgânica; Preponderância Progressiva da Solidariedade Orgânica; Divisão do Trabalho Anômica)
- QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Maria Gardênia Monteiro de. Um Toque de Clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
- Lakatos, Eva Maria. Sociologia geral. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1985.
- PEREIRA, Helde Cardoso. Texto-aula 12: Durkheim, solidariedade mecânica e orgânica. Disponível em: < http://docentes.esgs.pt/csh/PSI/docs/se_A12.pdf >. Acesso em: 09/03/2012.
- Durkheim propõem uma teoria do fato social. Disponível em: < http://www.airtonjo.com/socio_antropologico02.htm >. Acesso em: 10/03/2012.
- DUGLOKENSKI, Leonardo. Análise Comparativa da divisão do trabalho entre Marx e Durkheim. Disponível em: < http://www.webartigos.com/artigos/analise-comparativa-da-divisao-do-trabalho-entre-marx-e-durkheim/4688/ >. Acesso em: 10/03/2012.
- CAETANO, Érika de Cássia Oliveira. A Divisão do Trabalho: Uma Análise Comparativa das teorias de Karl Marx e Émile Durkheim. Disponível em: < http://www.pucminas.br/imagedb/documento/DOC_DSC_NOME_ARQUI20060410095823.pdf >. Acesso em: 10/03/2012.
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