sexta-feira, 16 de março de 2012

ABORDAGEM SOBRE KARL MARX.

Quem foi Karl Marx?

Karl Heinrich Marx, nasceu no dia 5 de maio de 1818, em Trier na Alemanha, a apenas dez quilômetros de Luxemburgo, região famosa por seus vinhedos. De origem judaica, aos dezoito anos ingressou na Universidade de Bonn para cursar direito. Nessa época Marx dividia seu tempo entre as bibliotecas e as tabernas. Um ano depois Marx transferiu-se para a Universidade de Berlim para dar continuidade ao curso de direito. Foi ali, onde Georg Hegel lecionara, que interessou-se pela filosofia, onde passou a frequentar os cursos oficiais sobre o pensamento hegeliano.

Não demorou muito, começou a fazer parte do movimento dos Jovens Hegelianos e conheceu os estudos filosóficos do humanista e moralista alemão Ludwig Feuerbach, do qual sofreu considerável influência. Nessa época, a Prússia estava em processo de industrialização e a economia estava crescendo. Em 1841 recebeu o título de doutor com uma tese que exaltava o herói grego Prometeu.
Quando deixou a Universidade de Berlim, Marx queria lecionar em alguma universidade alemã. Infelizmente no contexto histórico em que se encontrava, Frederico Guilherme IV havia se tornado kaiser da Prússia e seu regime perseguia todos aqueles que se ligavam ao pensamento dos hegelianos de esquerda.
Desempregado, Marx via no jornal um meio para expressar suas ideias e acabou conseguindo emprego como jornalista no jornal liberal A Gazeta Renana, com sede em Colônia. Obteve tamanho sucesso que, um ano mais tarde, fora promovido a editor. Em pouco tempo A Gazeta Renana tornou-se o jornal de maior circulação na Prússia, chamando a atenção das autoridades. Após sofrer diversas perseguições, em 1843 o jornal foi fechado pelas autoridades prussianas.
Em pouco tempo Marx casou-se com Jenny von Westphalen - uma namoradinha de infância - e os dois mudaram-se para Paris. Lá envolveu-se com os movimentos operários franceses aquecidos pelas ondas revolucionárias de 1789 (Revolução Francesa) e 1830 (revolução que derrubou a monarquia restaurada). Na cidade também havia muitos alemães refugiados do governo prussiano que formavam grupos de orientação socialista que Marx passou a frequentar. A partir daí, o contato com os ideais revolucionários franceses marcariam toda a sua obra.
Para sobreviver em Paris, Marx acabou empregado como editor da revista Deutsch-Französische Jahrbücher, onde encontrou Friedrich Engels que se tornaria seu maior amigo. Engels tinha uma profunda admiração pelo amigo chegando a dedicar tempo e dinheiro para ampará-lo nos momentos difíceis.
Através da Deutsch-Französische Jahrbücher os dois começaram a transmitir suas ideias radicais. Muitos dos artigos falavam da situação política da Alemanha o que fez com que Guilherme IV pressionasse as autoridades francesas para que prendessem Marx. Logo a revista foi fechada e ele foi expulso da França como bem queria o kaiser.
Engels e Marx, juntamente com sua esposa e filhos, seguiram para Bruxelas onde ingressaram na Liga Comunista. Daí surgiu um dos maiores tratados políticos: “Manifesto do Partido Comunista” que futuramente se popularizaria como “Manifesto Comunista”.
Em 1848, Marx foi expulso da Bélgica e acabou voltando para Colônia juntamente com Engels aproveitando-se da morte de Frederico Guilherme IV. Lá, iniciaram a publicação da chamada Nova Gazeta Renana e novamente foram expulsos após publicarem ataques às autoridades locais. Engels se exilou em Londres depois de receber um mandato de prisão. 
Mais tarde, Marx também se viu exilado em Londres. Lá pôde estudar as obras de Adam Smith e David Ricardo. Também nesse período finalizou a primeira edição do primeiro volume de O Capital, sua maior obra. Em condições miseráveis, Marx permaneceu em Londres até o fim de sua vida. Faleceu em 1884. 

Quem mais influenciou o pensamento de Karl Marx?

Karl Marx interessou-se por filosofia na Universidade de Berlim, na qual assistiu assiduamente aos cursos oficiais sobre a filosofia do alemão Georg Hegel. Este lecionara ali, porém morrera cinco anos antes da chegada de Marx.
Segundo Paul Strathern (2006, p. 12), "a filosofia de Hegel via o mundo e toda a história em termos de um sistema vasto e inclusivo, em permanente evolução. Essa evolução tem origem na luta entre contradições e opera dialeticamente”. No sistema dialético, dois opostos - tese e antítese - se organizam para formar uma síntese. Assim, o pensamento hegeliano expõe através da dialética a necessidade de choque de contradições para se chegar a alguma conclusão.
Num sistema dinâmico, uma síntese pode gerar outra tese, que traria outra antítese e assim por diante. De acordo com Strathern (2006, p.12) esse caminho dialético segue “até o nível mais elevado do Espírito Absoluto refletindo sobre si mesmo, que é a totalidade de tudo que existe”.
Marx não concordava com a concepção de Hegel, mas o que lhe atraía na filosofia hegeliana eram a dinâmica e a abrangência de seu pensamento, como a metodologia dialética, e não seu conteúdo em si. Apesar de Marx não concordar com a concepção de Hegel não se pode negar que este teve a maior influência em seu pensamento que culminou em seu materialismo dialético. 

Qual a relação entre Marx e a sociologia?

Karl Marx foi um dos mais importantes intelectuais das ciências sociais, seus ideais sociológicos são até hoje debatidos e defendidos por milhares de pessoas. Seu principal foco era a sociedade capitalista, além de criticar a religião e o Anarquismo. O marxismo é uma vertente de concepção materialista, com influencia da filosofia de Ludwig Feuerbach, que leva em consideração a historia da humanidade como uma abstração do real. Para Marx, o trabalho é o centro da atividade humana e suas relações de produção e sociais formam todos os conceitos da humanidade.
Marx teve influencia em diversos filósofos, entre eles Ludwig Feuerbach, Hegel, Louis Blanc e Adam Smith. Sempre foi um critico da religião, de acordo com ele, a religião não passava de um fato social e não místico, e só provocava alienação. Marx acreditava que toda revolução é violenta, porem indicava que para um novo regime era preciso tomar o velho como ponto e partida, e não começar do zero. A principal característica de seu trabalho é a “supra-filosofia”, em que teoria e pratica não podem sofrer grandes separações. 

O que é idealismo para Marx?

Marx não admitia o idealismo. Ele considerava a realidade no aspecto histórico, social. O idealismo é uma visão filosófica que tem também suas verdades. Mas é uma visão mais do pensamento amplo que às vezes não atinge a realidade. Um pensamento muito abstrato. Nem sempre sabe a diferença entre o que é uma ideia abstrata e um fato real concreto. O idealismo tem uma natureza própria e tende a ficar naquele plano, não o da vida, mas no plano do pensamento que circula por aí. 

Como Marx define materialismo?

Materialismo marxista, dialético, se funda numa causalidade linear que simplifica grosseiramente a ação da matéria sobre o espírito, não permitindo ao homem nenhuma possibilidade de liberdade. O pensamento é reduzido a uma secreção do cérebro, e a ação humana é determinada pelas condições materiais das quais não pode fugir. O materialismo histórico é a aplicação dos princípios do materialismo dialético ao campo da história. E, como o próprio nome indica, é a explicação da história por fatores materiais - econômicos, técnicos. 

O que Marx quer dizer ao afirmar que Feuerbach “não toma a própria atividade humana como atividade objetiva”?

Para respondermos esta questão primeiro precisamos definir o conceito de "práxis revolucionária", que é desenvolvido por Marx em sua crítica ao materialismo e ao idealismo. O materialismo, segundo Marx, vê os homens como determinados pelas circunstâncias (econômicas, sociais, naturais, etc) enquanto o idealismo vê os homens como determinados pelas ideias (desejos, pensamentos, vontades, etc). Segundo os materialistas as circunstâncias que fazem o homem mudar, enquanto os idealistas dizem que os homens mudam pois novas ideias, novas vontades fazem-los mudar. A crítica de Marx consiste em dizer que "A doutrina materialista de que os seres humanos são produtos das circunstâncias e da educação, [de que] seres humanos transformados são, portanto, produtos de outras circunstâncias e de uma educação mudada, esquece que as circunstâncias são transformadas precisamente pelos seres humanos e que o educador tem ele próprio de ser educado", ou seja, o idealista educador deve ser reeducado de acordo com as circunstâncias, assim como as circunstâncias são provenientes de ideias. Marx então define a práxis revolucionária como "a coincidência da transformação das circunstâncias com a atividade humana". Quando Marx diz que Feuerbach "não toma a própria atividade humana como atividade objetiva" ele quer dizer que Feuerbach não considera que as atitudes do homem (que advem de ideias) têm real importância (ou causam impacto , mudanças, avanço) na sociedade como um todo, como podemos ver na seguinte passagem: "A indústria e o comércio, a produção e a troca das necessidades da vida por um lado condicionam a distribuição, a articulação das diferentes classes sociais; e assim acontece que Feuerbach, em Manchester, por exemplo, só vê fábricas e máquinas onde há um século se viam apenas rodas de fiar e teares, ou na Campagna di Roma só descobre pastagens e pântanos onde no tempo de Augusto nada teria encontrado a não ser vinhedos e vilas de capitalistas romanos. Feuerbach fala nomeadamente da observação da ciência da natureza, menciona segredos que apenas se revelam aos olhos do físico e do químico; mas, sem a indústria e o comércio, onde estaria a ciência da natureza? Mesmo esta ciência “pura" da natureza só alcança o seu objectivo, bem como o seu material, por meio do comércio e da indústria, por meio da actividade sensível dos homens. E de tal modo esta actividade, este trabalho e esta criação sensíveis contínuos e esta produção são a base de todo o mundo sensível como ele agora existe, que, se fossem interrompidos ao menos um ano, Feuerbach não só encontraria uma enorme mudança no mundo natural como muito em breve daria pela falta de todo o mundo dos homens e da sua própria faculdade de observação — mais, da sua própria existência." 

Compare a frase de Marx “a essência humana não é uma abstração inerente a cada indivíduo” com as ideais de Durkheim sobre a relação indivíduo e sociedade.

Marx colocou em seu texto Teses sobre Feuerbach que "a essência humana não é uma abstração inerente a cada indivíduo" e ainda acrescentou que "ela é o conjunto das relações sociais", tudo isso contrapondo-se com o pensamento de Feuerbach que, na visão de Marx, resolvia a essência religiosa na essência humana. 
O posicionamento de Marx refutando os apontamentos de Feuerbach concentra-se em colocar a religião como um produto social, e que as relações entre os indivíduos são cruciais para compreensão de um único ser, o que tem forte relação com os conceitos sociológicos de Émile Durkheim sobre o indivíduo e sua relação com a sociedade. Tal conexão conceitual pode ser visualizada no âmbito das relações sociais como importante na determinação do indivíduo, haja vista que para ambos o indivíduo é resultado da sociedade em que vive.
As definições de Durkheim para fato social exprimem tal proposição quanto ao indivíduo, como pode ser observado em suas palavras "é fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que se possa ter”. A ideia de que o indivíduo é moldado pela sociedade, dado rol de características e valores que lhe é atribuído, fica evidente ao averiguarmos que para Durkheim o indivíduo tem suas peculiaridades, mas que de modo geral suas formas de agir e pensar estão condicionadas às estruturas instituídas na sociedade, quer seja moral, social ou política.
No que concerne à análise da frase de Marx em contraposição à Feuerbach, e fazendo uma relação com Émile Durkheim, de modo lacônico, é possível observar uma convergência para o modelo durkheimeano, onde a relação entre o indivíduo e a sociedade se dá via coletividade, ou seja, a sociedade tem uma série de valores, que são anteriores e exteriores ao indivíduo, e esta exerce uma pressão sob os indivíduos, fazendo-os agir de acordo com tais valores, e realizando manutenção de tal pressão por meio de sanções. Contudo, enfatiza-se que tanto o indivíduo de Durkheim como o de Marx leva em conta sua concepção e ações de acordo com a forma da sociedade em que está inserido.

Referências Bibliográficas:


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