domingo, 12 de fevereiro de 2012

ABORDAGEM SOBRE AUGUSTE COMTE.

Quem é Auguste Comte?

Nascido em 1798, na França, Auguste Comte é um filósofo francês mundialmente conhecido como fundador da Sociologia e do Positivismo. Comte teve uma infância pobre e com tempestuosas relações familiares, com dezesseis anos ingressou na Escola Politécnica de Paris onde teve influência de acadêmicos como Carnot e Lagrange.
Após o fechamento temporário da Escola Politécnica, Comte sofreu influência de diversos “ideólogos” com maior destaque para a obra de Condorcet: Esboço o de um Quadro Histórico dos Progressos do Espírito Humano. Anos mais tarde Comte sofreria uma crise mental seguida de uma profunda depressão, o que mais tarde resultou em uma separação de sua esposa. Em 1844, ele apaixona-se por uma mulher que muda sua vida, seu nome é Clotilde de Vaux. Nela, encontrou alguém que lhe permitiu expressar todos os seus sentimentos e necessidades emocionais. Mesmo após a morte de Clotilde, Auguste continuou tendo inspirações em sua musa que foram retratadas em uma nova religião cujos ideais seriam retratados em sua obra: Política Positiva ou Tratado de Sociologia Instituindo a Religião da Humanidade.
Comte é conhecido por sua filosofia positivista, que tem como princípio o estudo de fenômenos pelas suas leis e não por causas dadas como abstratas.

Qual a importância do seu pensamento?

Segundo Comte, havia um sistema de conhecimentos naturais, tal sistema era composto pelos pensamentos que compunham a Filosofia Positiva. Para Comte, estes conhecimentos fundamentavam tudo o que foi descoberto pelo homem até então. Faziam parte destes conhecimentos cinco ciências, as quais haviam atingido a positividade: As ciências da Matemática, da Astronomia, da Física, da Química e da Biologia. Com estas cinco ciências tudo o que podia ser observado no mundo estava fundamentado, mas para Comte ainda havia uma lacuna que faltava ser preenchida para que a Filosofia Positiva acabasse de ser construída. Tal lacuna refere-se à Física Social (mais tarde chamada de Sociologia), que referia-se às ciências de observação. Seu pensamento foi importante pois seguindo esta linha de raciocínio, Comte deu atenção especial as ciências de observação e assim começou a organizar e fundamentar os pensamentos referentes a organização das sociedades de uma maneira geral, criando assim o que hoje conhecemos como Sociologia.

Quais as suas principais ideias?

A partir da ciência - e de uma ciência social ou sociologia, da qual Comte é um fundador -, o filósofo propunha reformular a sociedade para que se obtivesse ordem e progresso. Note-se, porém, que isso implica a criação de uma ciência social, pois só é possível reformular ou transformar aquilo que conhecemos.
A obra fundamental de Comte é o "Curso de Filosofia Positiva", livro escrito entre 1830 e 1842, a partir de 60 aulas dadas publicamente pelo filósofo, a partir de 1826. É na primeira delas que Comte formulou a "lei dos três estados" da evolução humana:

  • o estado teológico, em que a humanidade vê o mundo e se organiza a partir dos mitos e das crenças religiosas; 
  • o estado metafísico, baseado na descrença em um Deus todo-poderoso, mas também em conhecimentos sem fundamentação científica; 
  • o estado positivo, marcado pelo triunfo da ciência, que seria capaz de compreender
    toda e qualquer manifestação natural e humana.

O que é positivismo?

O positivismo é uma linha teórica da sociologia, criada pelo francês Auguste Comte (1798-1857), que começou a atribuir fatores humanos nas explicações dos diversos assuntos, contrariando o primado da razão, da teologia e da metafísica. Segundo Henry Myers (1966), o "Positivismo é a visão de que o inquérito científico sério não deveria procurar causas últimas que derivem de alguma fonte externa, mas, sim, confinar-se ao estudo de relações existentes entre fatos que são diretamente acessíveis pela observação".
Em outras palavras, os positivistas abandonaram a busca pela explicação de fenômenos externos, como a criação do homem, por exemplo, para buscar explicar coisas mais práticas e presentes na vida do homem, como no caso das leis, das relações sociais e da ética.
Para Comte, o método positivista consiste na observação dos fenômenos, subordinando a imaginação à observação. O fundador da linha de pensamento sintetizou seu ideal em sete palavras: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático. Comte preocupou-se em tentar elaborar um sistema de valores adaptado com a realidade que o mundo vivia na época da Revolução Industrial, valorizando o ser humano, a paz e a concórdia universal.

Discuta a relação entre ciência social e biologia.

A sociologia e biologia são duas ciências vindas de uma mesma vertente, mas que precisam ser tratadas separadamente. Enquanto a sociologia trata os fatos através de observações, a biologia os trata através de leis da natureza. Elas não só vem de uma mesma vertente, devido o objeto de estudo ser o homem, como uma tem relação direta com outra. De acordo com Comte, para compreender uma espécie, no âmbito da física social, é necessário observar os fenômenos sociais, ou seja, o conjunto de ações que envolvem cada indivíduo. Em contrapartida, a fisiologia observa os fenômenos de um indivíduo considerando a evolução da espécie, que pode ser ou não determinada pelos fenômenos sociais.
De modo geral, ambas usam a metodologia científica da observação e experimentação, inclusive foi um dos desafios de Comte, propor uma forma de adequar a observação dos fenômenos sociais e determinar os recursos para realização da indução, via técnicas de experimentação. A evolução, estudada em moldes fisiológicos, proporcionou ao homem a capacidade de interação e dinâmica social e é um elemento que justificaria a conciliação dessas ciências, que agregadas para compreensão e disjungidas para estudos e análises, foram, por Comte, determinada positivistas.

Existe uma ciência exata da sociedade?

Auguste Comte julgava a Sociologia, ciência que estuda o comportamento da sociedade, tão positiva quanto qualquer outra. Pela classificação das ciências (Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia e Sociologia), ele defendeu a superioridade das Ciências Exatas sobre as Ciências Humanas. Assim, a sociologia criada por Comte possui um caráter científico para o estudo dos fenômenos sociais, tal como era realizado com outros fenômenos: astronômicos, físicos, químicos e fisiológicos. 
Para Comte a sociologia era uma ciência com leis naturais invariáveis, por meio das quais era possível explicar todos os fenômenos, e até mesmo estabelecer outros que ainda viriam a acontecer. Por meio da consideração do processo dedutivo e indutivo, ressaltados por Comte como observação, dedução e experimentação, a sociedade poderia ser conceituada em uma estrutura funcional, por  meio da qual poderiam ser realizadas ações para torná-la delineada do ponto de vista da ordem e do progresso.

Descreva os pontos mais importantes do texto "Sociologia: Conceitos gerais e surgimento", de Auguste Comte.

A Física Social – denominação inicial dada por Auguste Comte – foi conceituada por seu criador como uma ciência, tal como era a astronomia, física, química e biologia, onde o objeto de estudo tinha como cerne os fenômenos sociais. Introduziu-se os fatos sociais como elementos que deveriam ser estudados, seguindo metodologia científica, por meio da observação, como forma de compreender uma esfera máxima – conjunto do desenvolvimento humano – até questões mais específicas, ou mesmo intrínsecas – e contidas em tal conjunto. 
Comte estabelece, por meio de suas deduções, que a ordem na filosofia política é determinada por meio de um estudo detalhado dos fenômenos sociais, perfazendo leis naturais invariáveis, que sistematizasse a estrutura funcional dos eventos por meio da previsão – concentrada no processo dedutivo – sendo assim, é possível determinar situações posteriores, realizando ações que contornem crises e conflitos, eliminando surpresas e estabelecendo previsibilidade. 
A necessidade de criação da Física Social – denominada posteriormente por Comte como Sociologia – respeitava uma ordem natural, onde as ciências se tornavam positivas por meio de uma estrutura gradativa de suas relações com o homem. Justificava o desprendimento com os elementos teológicos e metafísicos considerando a matéria científica como norteadora dos meios de compreender qualquer fenômeno, enfatizando que esse aspecto em fases – concernente aos estados – era proveniente de uma preparação conceitual e empírica, com obtenção de conhecimento, para próximos estágios, até que se alcançasse a capacidade, via metodologia científica, de compreender tudo que ocorre. A essa capacidade de deduzir, induzir e prever fenômenos, Comte estabeleceu a positividade da ciência, estando ela destituída de qualquer determinação teológica ou metafísica, embora ele considerasse que estas últimas eram fases, do conhecimento humano, anteriores ao positivismo. 
Considerando que as ciências positivas tinham suas principais estruturas conceituais moduladas pela observação de fenômenos, por meio dos quais eram desenvolvidas teorias e experimentações, e que com tais ações deveria ser compreendido o todo, em uma perspectiva dos seres viventes, Comte indagou sobre a inexistência de ciência que estudaria as questões sociais, e defendeu com isso a criação da sociologia, como forma de completar o rol das ciências de observação. Reforça-se que as ciências tornaram-se positivas por meio de uma ordem, onde uma sempre fornecia subsídios para composição de outra, o que Comte considerava uma revolução ordenada, e defendeu a criação das ciências sociais como último elemento deste contexto, refutando a possibilidade de surgimento da mesma em período anterior ou intercalado a qualquer das outras, apontando para uma falta de base experimental, tal como o número da população e nações. 
Para Auguste Comte o sistema social passa constantes mudanças ao longo do desenvolvimento humano, sendo que tais mudanças consistem na extinção e surgimento de novos modelos, no entanto, ele aponta para a coexistência de dois movimentos contrapostos, denominando a sociologia como a ciência da crise. Logo, a sociedade tem a presença do movimento de desorganização confrontado com o de reorganização, gerando certa instabilidade, no entanto, Comte apresentava o segundo como crucial para conduzir a sociedade ao progresso, e que a compreensão de ambos seria necessária para redução da crise, via ações para formação de um novo sistema social. 
No que concerne ao laço existente entra a Biologia e a Sociologia, Comte foi categórico ao dizer que ambas se complementam em um campo de análise inicial, mas que a consolidação de ciência positivista era alcançada por meio da disjunção em momento de estudo mais profundo. Em outras palavras o estudo do homem no âmbito de seus fenômenos individuais, voltados para a fisiologia, também requeriam um conhecimento dos fenômenos sociais, principalmente, no que tange à evolução da espécie. Ambas as ciências são caracterizadas pela observação e experimentação, onde Comte defendeu a necessidade de usar critérios – método da indução – da primeira para aplicação na sociologia, seguindo a determinação universal do positivismo. 
Quanto à economia política, Comte refutou a visão dos economistas usada para descobrir as leis da existência material das sociedades, uma vez que os mesmos conceituavam o estabelecimento de técnicas de estudo por meio do isolamento da ordem intelectual e moral, o que para Auguste Comte era inconcebível, pois a ciência que envolveria a descoberta das leis naturais invariáveis para a sociedade deveria abranger todo o conjunto de fenômenos sociais, tais como a ordem moral, intelectual e política, e sendo assim apontou a ciência dos economistas como vazia, dado o isolamento defendido por ela.

Referências Bibliográficas:


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