quinta-feira, 22 de março de 2012

ABORDAGEM SOBRE O MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA.

O que são classes sociais?

Para Marx as classes sociais eram definidas pela posição que as pessoas ocupavam na estrutura de produção em determinada sociedade, ou seja, as classes sociais eram definidas pelas relações de propriedade. Assim sendo (bem grosseiramente), durante toda a história havia as pessoas que possuíam o capital produtivo (produtores) a partir do qual exploravam a mais-valia para obter lucros a partir de pessoas desprovidas de qualquer propriedade (proletários), que vendiam assim a sua força de trabalho aos detentores do capital. Podemos então observar e afirmar (como Marx) que "a sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado"(linha 8 pág 8), ou seja, a classe dos detentores dos meios de produção e a classe dos subordinados. As classes sociais originaram as lutas de classes, que mostram históricamente que uma classe que é dominada passa lutar para assumir o poder, de modo que quando tal objetivo é atingido, cria-se assim uma outra classe que é então dominada por esta última, que então passa a querer ser dominante e assim sucessivamente. Exemplo disso são os senhores feudais, que observaram (sem nada poder fazer) a burguesia enriquecer e passar a controlar todo o comércio. Posteriormente, quando a burguesia ostenta os meios de produção surgem os operários (proletários), que dão continuidade ao ciclo referido anteriormente, buscando melhores condições de trabalho, etc. 

Quando e como surge o proletariado?

O proletariado é apontado por Marx como uma classe de operários modernos, no entanto, para se tornar possível a conceituação de tal classe é crucial averiguar o período de desenvolvimento industrial e dos instrumentos de trabalho, assim com as transformações advindas desse processo. Uma definição de TEIXEIRA (2009, p. 284) é que "O proletariado, por exemplo, enquanto fenômeno social, possui uma realidade histórica; tem história: é produto de um processo de gênese e de desenvolvimento que se articula com as “múltiplas determinações” que conformam o real. Para entendê-lo enquanto uma categoria é preciso, primeiramente, compreender seu processo histórico de formação". 
O proletariado surge em um contexto de desenvolvimento da burguesia, onde o operário é afetado por uma série de consequências resultantes do aumento do trabalho, sendo este determinado pelo desenvolvimento desenfreado das máquinas e também da divisão do trabalho. É fundamental que os mecanismos de produção sejam mais eficientes e produzam cada vez mais produtos, além de ampliar o rol do que é produzido, tudo isso impulsionado pela concorrência e todas relações de mercado. Nesse contexto, onde a burguesia torna o desenvolvimento sua principal forma de manutenção capital, apelando pelas compensações da concorrência, de forma a não perder sua estrutura de ganho, o operário torna-se vulnerável e seus salários são reduzidos à condições lamentáveis, o que fica bem visível no apontamento de Marx (1999, p. 18) "Esses operários, constrangidos a vender-se diariamente, são mercadoria, artigo de comércio como qualquer outro; em consequência, estão sujeitos a todas as vicissitudes da concorrência, a todas as flutuações do mercado".
O proletariado surge quando a burguesia detém do controle dos sistemas e relações de trabalho para impor aos operários, que Marx denomina de modernos, condições ínfimas de retorno correspondente a seu trabalho, como indaga Marx (1999, p.18) "com o desenvolvimento da burguesia, isto é, do capital, desenvolve-se também o proletariado, a classe dos operários modernos, que só podem viver se encontrarem trabalho, e que só encontram trabalho na medida em que este aumenta o capital". 
Dadas as condições impostas pela burguesia, conforme exposto nos parágrafos anteriores, os operários se organizam e criam uma luta contra todo esse sistema que lhe afeta. No início são apenas operários de fábricas, em movimentos isolados, posteriormente são grupos maiores, organizados, e em uma escala mais ampla até outros membros da sociedade são partes integrantes desse movimento, em busca de recuperar suas condições favoráveis e romper o sistema induzido pela burguesia. Como colocar Marx (1999, p. 20) "As camadas inferiores da classe média de outrora, os pequenos industriais, os pequenos comerciantes e pessoas que possuem rendas, artesãos e camponeses, caem nas fileiras do proletariado [...] 'sendo este' recrutado em todas as classes da população".

O que gera o movimento histórico?

No Manifesto Comunista, Marx e Engels (1999, p. 7) dizem que “a história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história da luta de classes”, sobretudo entre opressores e oprimidos, ou, mais especificamente no manifesto, entre burguesia e proletariado.
A burguesia é detentora dos meios de produção, como as terras e as indústrias. O proletariado constitui os trabalhadores urbanos livres, que, por não possuírem os meios de produção, têm que vender seu trabalho em troca de um salário para a sua sobrevivência.
À medida que a indústria vai se desenvolvendo com o aperfeiçoamento das máquinas, a força de trabalho dos proletários vai se equiparando e os salários, reduzindo. Com isso a vida do operário se torna cada vez mais precária e o choque de interesses, entre burguesia e proletário se forma. Os operários, então, se vêem obrigados a fortalecerem a sua classe e lutar contra a classe dominadora burguesa. 
Nessa situação propõe-se aos proletários gerarem movimentos revolucionários para a eliminação da propriedade privada e sua substituição pela propriedade da comunidade a fim de abolir o domínio burguês, destituir a burguesia e imporem uma supremacia política. Com isso espera-se, segundo Marx (1999, p. 42), “centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado, isto é, do proletariado organizado em classe dominante” e acabar com os antagonismos de classe. 

O que são forças produtivas?

Forças produtivas (ideia central do marxismo) é um conceito que soma a força de trabalho do homem (sua energia, sua capacidade de criação, seu rendimento, seu corpo, sua inteligência) aos meios de produção, ou seja, artefatos e instrumentos de trabalho, como ferramentas, máquinas, dispositivos, técnicas, recursos naturais e etc., com o intuito de transformar os recursos naturais em bens materiais (em uma grande escala de produção). Uma vez juntos estes dois fatores (trabalho do homem + instrumentos de trabalho) basta organizá-los para assim começar a produzir artefatos utilizando-se de matérias-primas da natureza. 

O que são relações de produção?

Considerando o contexto do desenvolvimento das máquinas e da divisão do trabalho, assim como um maior aglomerado de indivíduos em um mesmo ambiente compartilhando de mesmas circunstâncias e realização padrão do trabalho, situação oriunda do surgimento das grandes indústrias criadas para produzir em longa escala em processos dinâmicos e bem divididos, pode-se conceituar, segundo Marx, que as relações de produção são as formas como os indivíduos desenvolvem suas relações de trabalho e distribuição no processo de produção e reprodução da vida material, conforme pode ser averiguado nas estruturas subsidiadas pela divisão do trabalho, cada vez mais especializado, porém, com operação de máquinas e equipamentos.
Nas definições e abordagens de Marx, enfatiza-se que "nas sociedades de classes as relações de propriedade são expressões jurídicas das relações de produção, ou seja, nas sociedades de classes, as relações de produção são relações entre classes sociais, proprietários e não-proprietários"[1].
Uma consideração importante para as relações de produção é que elas, "em conjunto com as forças produtivas, são os componentes básicos do modo de produção, que para Marx é a base material da sociedade"[1]. As relações de produção (sociais e técnicas) e as forças produtivas constituem o modo de produção, o qual se modifica historicamente (escravagista, feudal, capitalista). Isto porque a expansão constante das forças produtivas vai modificando as relações de produção, até que, num determinado nível do seu desenvolvimento, as forças produtivas entram em contradição com as relações de produção (sociais e técnicas) existentes. Tal contradição, segundo a teoria marxista, só poderia ser resolvida de maneira violenta, através da revolução social, quando o modo de produção vigente seria substituído por outro.


O que é Alienação e qual a sua relação com o trabalho?

“Alienação, para Marx, tem um sentido negativo em que o trabalho, ao invés de realizar o homem, o escraviza; ao invés de humanizá-lo, o desumaniza”[2]. 
A divisão do trabalho, fundamental para o desenvolvimento da sociedade capitalista, aliena o trabalhador que não se reconhece em uma atividade, não obtém uma visão do todo e somente percebe a parte que constitui sua força de trabalho. O trabalhador acaba desenvolvendo apenas uma habilidade (braçal ou intelectual) e isso leva a uma divisão social também.
A exploração da burguesia, na qual a riqueza que o operário gera pelo fruto de seu trabalho vai parar nas mãos de seus opressores, faz com que ele receba apenas uma pequena parcela em forma de salário, que não dá nem para adquirir aquilo que ele próprio produz enquanto os burgueses acumulam o capital. Esse caso constitui outra forma de alienação.
Resumidamente, a alienação se dá quando “o trabalhador não reconhece mais o produto de seu trabalho e não se dá conta da exploração a que é submetido”[2]. 

Por que Marx vê um papel revolucionário na burguesia?

A burguesia desempenhou na História um papel eminentemente revolucionário. Onde quer que tenha conquistado o poder, a burguesia destruiu as relações feudais, patriarcais e idílicas. Todos os complexos e variados laços que prendiam o homem feudal a seus "superiores naturais", ela os despedaçou sem piedade, para só deixar subsistir, entre os homens, o laço do frio interesse, as duras exigências do "pagamento à vista". Afogou os fervores sagrados do êxtase religioso, do entusiasmo cavalheiresco, do sentimentalismo pequeno-burguês nas águas geladas do cálculo egoísta. Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca; substituiu as numerosas liberdades, conquistadas com tanto esforço, pela única e implacável liberdade de comércio. Em uma palavra, em lugar da exploração velada por ilusões religiosas e políticas, a burguesia colocou uma exploração aberta, cínica, direta e brutal.
A burguesia despojou de sua auréola todas as atividades até então reputadas veneráveis e encaradas com piedoso respeito. Do médico, do jurista, do sacerdote, do poeta, do sábio fez seus servidores assalariados. A burguesia rasgou o véu do sentimentalismo que envolvia as relações de família e reduziu-as a simples relações monetárias. 

Por que o modo de produção capitalista é transitório?

Para entendermos os pensamentos de Karl Marx, é preciso recorrer ao contexto histórico da época em que essas ideias foram fundamentadas. Com relação à ideia de que o capitalismo é um modo de produção transitório, é referencia à época de transição do feudalismo para o capitalismo. A Rússia foi um país de caráter feudal até sua revolução, Marx caracterizava o feudalismo como uma involução da sociedade. Levando em base essa transição, Marx acreditava que o capitalismo é defeituoso, porém necessário para que a classe operária pudesse se consolidar e depois “evoluir” para o socialismo. 
Um bom exemplo deixado por Marx é o da Rússia e Inglaterra. A Rússia, como falado anteriormente, foi um país feudal que transitou diretamente para o Socialismo. De acordo com o filósofo, este é um erro. O ideal seria transitar um país como a Inglaterra, em que a classe operária já esta organizada. O caráter transitório do modo de produção capitalista leva em conta uma transição do feudalismo para o socialismo, porém para os demais cenários o capitalismo é dispensável.

Referências Bibliográficas:


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